A necessária imperfeição

Depois de ler sobre a vida e obra do artista italiano Amedeo Modigliani minha vida nunca mais foi a mesma. Apesar de brilhante e atemporal, as obras tinham uma característica em comum: a imperfeição. Principalmente nas esculturas ficava explícito o esforço para a perfeição em alguns detalhes da obra enquanto outros permaneciam... imperfeitos.

A preocupação do artista era unicamente mostrar a emoção em suas personagens e esculturas, ele nem ao menos tinha os melhores materiais para compor suas obras. A vida de Modigliani era repleta de “desalinhamentos”, era um boêmio, com inclinação para o álcool, drogas e belas mulheres... tinha uma vida imperfeita.

E em que lugar estamos? Não se trata do planeta das exigências? Esse não é o mundo da imperfeição que de maneira vil exige que todos sejam perfeitos? Uma das coisas mais necessárias que o ser humano precisa aprender é que a vida jamais será coerente. Erros são naturais, cotidianos e necessários.

Há alguns detalhes na vida do ser humano que sempre serão “irregulares” e nem por isso devem ser motivos de frustrações.

As pessoas precisam aprender a errar. Erros são essenciais, falhas são fundamentais, fazem parte da obra viva que é a vida.

Ninguém tem uma vida perfeita, a não ser que hipocritamente afirme que tenha, mas qual o problema nisso? Por que se sentir abatido por algo natural? A loucura na maioria das vezes consegue ser mais norteadora do que aquilo que se considera normal, não se lembra da clássica história infantil Alice no País das Maravilhas? Alice tinha um refúgio da realidade em um lugar de absurdos e incoerências.

O mais difícil nos dias atuais é encontrar autenticidades, as pessoas têm medo de ser o que são e de expor “seus absurdos”, é o constante medo dos julgamentos, medo de estar errado, medo de ousar, medo de viver. Quer uma lição para mesmo com todos os medos, ter coragem em expor as suas “maluquices”? Lembre-se de que a vida é torta, cheia de deformidades, se lembre de que a única coisa perfeita que há nesse mundo é a imperfeição. Irônico não é mesmo?

A autoexigência leva ao bloqueio da criatividade. O que vemos atualmente é a condição de engessamento em que pessoas não são livres para se expressar da maneira como gostariam.

Repetimos frases de sábios, mas não nos lembramos de que eram humanos como nós e, mais do que isso, eram imperfeitos e as frases desses sábios não devem ser nosso “mantra”, devem nos fazer refletir: Podemos revolucionar com nossas próprias frases.

Dostoiévski uma vez disse que “O erro é uma coisa positiva, porque, por ele, chega-se a descobrir a verdade”, e qual verdade seria essa? O filósofo não disse isso porque era sábio, disse porque era humano e humanos dizem o que sentem ou pelo menos deveriam. Não sabemos qual é a verdade.

Quais erros de fato podem ser considerados erros? Mas ao menos como autora sei “que nada sei sobre a perfeição” e, que a imperfeição é necessária e de fato é a única que pode ser chamada de perfeita.

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