Equinócio de primavera - hemisfério sul

A data em que o dia e a noite tem a mesma duração ocorre no grau zero do signo de Libra. É uma data importante e significativa em diversas culturas, geralmente ligadas a fertilidade. Na roda zodiacal, Libra é o primeiro signo da segunda metade do círculo. No eixo Áries-Libra temos o princípio individual em uma ponta, e o dual na outra.

Dois seres se unem e procriam, perpetuando a espécie. A minha real imagem só existe quando o outro me devolve esse olhar. As versões para o mito da primavera são bonitas e todas têm em comum a procriação, a fertilização. Na bela leitura do mito celta, em As Brumas de Avalon, Arthur incorpora o Gamo Rei (solar), que após copular com a Deusa (lunar) é legitimado como rei, garantindo que a crença tradicional coabite com a religião oficial.

A mitologia grega apresenta a história de Perséfone, virgem raptada por Hades, o deus das profundezas, onde não há luz. Perséfone (solar) era a única filha de Deméter, que presidia as colheitas. Entristecida com o sequestro da filha, decide não mais cuidar da terra. O solo fica infértil, plantações e animais ressecam e morrem. Zeus interfere, ordenando que Hades devolva a jovem à mãe. Ele diz ser impossível, pois Perséfone já era sua mulher. Encontra-se uma solução, bem libriana, para a situação: Perséfone passará metade do ano com o marido - no período correspondente ao outono e inverno - e, na primavera, voltará para a mãe, na superfície, ficando também o verão com ela. 

Por isso, temos os meses escuros, frios, quando as folhas caem, representando a dor da mãe Deméter, vivendo sem a filha. Com o retorno da filha ao convívio com a mãe, a alegria volta ao coração materno, que passa a fertilizar novamente a terra. Neste mito, temos Perséfone, representando o Sol por viver na superfície terrestre, sendo jovem, bela e cheia de vida, mas ligada ao princípio lunar, feminino, emotivo. Aliás, o único a presenciar o rapto é o próprio Sol. O raptor, Hades, é o deus do escuro mundo subterrâneo, como uma noite sem lua, mas estratégico e racional. Seu reino precisa de uma lua e ela vem na figura da jovem que passa metade do ano recebendo a luz e o calor do Sol, para refleti-los no submundo, na outra metade do ano.

Nas cartas de tarot a Imperatriz é representada, geralmente, como uma mulher grávida. Está associada com germinar, gestar, fluir e com o planeta Vênus. Ela combina ordem e caos. Na Árvore da Vida ela liga o Caos (Chochmá e Urano) à Ordem (Biná e Saturno); a Sabedoria à Vontade; o Pai e a Mãe; Emoção e Razão; princípio lunar e solar.

Dentro de mais alguns dias terá lugar o Rosh Hashaná, marcando o início do mês de Libra no calendário hebreu, no mês de Tishrê. Os seis meses anteriores são de plantio, e a partir da celebração judaica tem início os seis meses da colheita. O mês de Tishrê é representado pela letra Lamed, preposição que significa para, uma ligação em direção a alguém. Jacó, abençoando Benjamim, em Gênesis 49:27 Benjamim é lobo que despedaça; pela manhã devora a presa e à tarde reparte o despojo. Pela manhã é Áries e à tarde é Libra. A Deusa das Plantas junta-se ao Senhor das Matas. A roda da vida gira mais uma vez. Dentro das pessoas, yin e yang se associam para criar o equilíbrio, a vida e o futuro.

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