Frey – O Senhor

Frey (YNGVI, ING ou FREYR) é filho de Njor (deus dos mares) e Nerthus (deusa da terra) e irmão gêmeo de Freya. Regente dos elfos claros no reino de Alfheim, era um deus Vanir, ou seja, um deus pacífico e responsável pela fertilidade da terra, pela paz e abundância, e solar também. Geralmente representado como belo e com o falo à mostra, representando seu aspecto fecundador. 

Ele tem um cavalo que salta qualquer obstáculo e a sua espada mágica, forjada por anões, move-se sozinha nos ares desferindo golpes mortais, mesmo se for perdida em combate.

Njord, Freyja e Frey foram cedidos aos deuses Aesir, como parte do tratado de paz e colaboração que pôs fim a longa guerra entre esses dois clãs de divindades. Frey era invocado para fazer bom tempo, calor, prosperidade e paz.

Conforme Faur (2007) seu culto persistiu muito tempo após a cristianização, sendo chamado de Veraldar God “O deus do mundo”. Outro título de Frey era Inn Frodhi, “O fértil”; também se outorgava o nome de Frodhi aos reis para indicar sua ligação com os atributos do Deus. Seu equivalente na Dinamarca era Frodhi, enquanto os anglo-saxões o reverenciavam com o nome de Yngvi.

Ele também tinha um javali de ouro chamado Gulinbursti, criação dos anões Brokk e Sindri, que corria mais rápido que cavalos, e cujo brilho reluz na noite. Por essa razão, o javali é um de seus animais sagrados.

Apesar de Frey não ser um deus da guerra, os antigos guerreiros nórdicos usavam em seus elmos, escudos e objetos cerimoniais a figura do javali, acreditando nos poderes e na força desse animal. Mascaras de javali eram usadas também pelos sacerdotes do deus. 

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O cavalo também é um animal consagrado a Frey, por ser símbolo de virilidade. Outro símbolo de Frey é um navio, o Skidbladnir, que é tão grande que nele cabem todos os deuses, mas pode ser dobrado e guardado no bolso de Frey. E ele podia alcançar qualquer destino sozinho. O barco tem uma importância imensa para os nórdicos, principalmente no sentido religioso e ritualístico. Ele era usado em cerimonias fúnebres e em rituais sagrados.

Por ser um deus de paz, em seus templos não se permitia a entrada de armas e, durante as suas procissões todas as batalhas e hostilidades deveriam ser interrompidas. Seu culto não era muito bem visto pelos guerreiros que preferiam Thor e Odin. Os ritos de Frey tinham como objetivo a fertilidade da terra e incentivar as colheitas fartas e a procriação dos animais.

Frey é casado com a gigante Gerda, mas em alguns mitos, Frey aparece com o consorte de sua irmã Freyja.

Havia uma conexão desse deus com as câmeras mortuárias das colinas. Eram colocadas oferendas no túmulo dos mortos por uma porta pela qual os espíritos dos mortos passavam a morar com Frey. Os mitos antigos das divindades Vanir valorizavam mais o renascimento e os valores ancestrais do que a ressurreição dos mortos em um mundo divino, diferente e longínquo do dos humanos e reservado apenas aos que preenchem certos requisitos. Portanto são divindades mais próximas da humanidade e nos ensinam os valores dos ciclos de morte e vida juntamente com os ciclos da natureza, e que a morte é apenas mais um estágio.

Apesar de ser um deus pacífico, Frey está destinado a lutar contra Surt ou Surtur – gigante de fogo destruidor – na batalha de Ragnarok. Frey possuía uma espada flamejante que golpeava apenas com o comando de sua voz e era a única arma capaz de deter o gigante Surt, porém ela foi dada como dote, junto com seu cavalo, ao pai de Gerda para que aceitasse casar com ele. Assim no Ragnarok, ele não usa a sua espada mágica (luta apenas com um par de chifres de alce), e é morto pelo gigante, que possuía a sua espada.

Aliás o fraco de Frey é o seu amor pela giganta Gerda. Ele um dia a avistou quando sentou no trono de Odin e adoeceu de paixão. Seu assistente Skirnir tenta convencê-la a se casar com Frey mas ela não aceita o pedido. Ela somente aceita após ser ameaçada por Skirnir com feitiços que tirariam sua beleza e juventude. Ela se casa com Frey, mas ele perde sua espada e o cavalo e é morto no Ragnarok.

Como imagem arquetípica Frey se aproxima de Cernunnos, o deus chifrudo celta e do grego Pã. Seu falo ereto simboliza a fertilidade masculina e o poder da procriação. Os nórdicos, mesmo sendo belicosos, compreendiam que as divindades mais antigas como as Vanir, eram de extrema importância. A fertilidade da terra, a agricultura, e a paz também. Os opostos são de extrema importância em nossas vidas: guerra e paz; vida e morte; luz e sombra.  

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