A geração que vive através das lentes

Não é raro encontrar alguém com uma câmera na mão pronto para registrar algum momento, por mais banal que seja. Tudo virou motivo para fotografar e, em seguida, mostrar o produto em redes sociais a espera de aceitação. Há casos em que o aumento dos registros fotográficos e vídeos são extremamente importantes como em câmeras de segurança ou no uso de GoPros em veículos, mas em outros, a constante atualização de fotos acaba por expor a vida pessoal e correr o risco de alimentar seguidores indesejados.

Mas o que aconteceu para as pessoas quererem tirar tantas fotos? A popularização de smartphones e câmeras digitais facilitou esse processo, e cada vez mais gente experimenta a sensação de fotografar muitas vezes a mesma cena (o que era caro e trabalhoso com os antigos filmes), eliminando os resultados indesejados. E o mais importante é a opção de divulgar as imagens para os amigos e até para desconhecidos.

As redes sociais e blogs permitiram que mais pessoas pudessem mostrar o resultado de suas aventuras pelo mundo da fotografia. Porém, em que momento isso deixa de ser saudável?

Cada pequena experiência deixou de ser vivida sozinha para trazer consigo milhares de espectadores, que acompanham cada passo da vida de quem tem a coragem - ou ousadia - de exibir um pouco (ou muito) de si e sua rotina.

Valores estimulam

A atual cultura da ostentação também influencia o comportamento das pessoas. Não basta apenas aproveitar os momentos, eles devem ser exibidos como uma maneira de demonstrar poder. Mesmo quando o assunto é desfrutar das “coisas simples da vida”, ele acaba virando material para essa exibição, possivelmente acompanhado de uma hashtag.

A sociedade do consumismo aprendeu também a consumir momentos. O ser humano acredita que, para provar suas conquistas, é necessário que elas sejam eternizadas, mesmo que esse “eterno” dure apenas até a próxima selfie. E o maior problema: experiências, como aquela viagem dos sonhos, o prato delicioso e o tempo aproveitado com as pessoas mais queridas, acabam sendo perdidas, porque o mais importante atualmente é registrar o que está acontecendo e não desfrutar do momento agradável. A memória, portanto, é irreal porque se refere a uma situação que não foi vivida tão plenamente quanto deveria.

Retirando as barreiras para viver

Shakespeare já dizia: “Conservar algo que possa recordar-te seria admitir que eu pudesse esquecer-te”. Livre-se das necessidades de guardar recordações e apenas viva! Não deixe que a cultura já muito disseminada da ostentação faça com que você perca o melhor da vida por enxergá-la apenas através das lentes. De que adianta comprar os melhores ingressos para o show da sua banda preferida, se você vai assistir ao concerto através da tela do seu celular?

As fotografias e filmagens são excelentes para marcar bons momentos, mas antes disso eles devem ser realmente vividos. Aquele hábito de cada amigo tirar uma foto com seu celular ou câmera pode ser substituído por apenas uma máquina, ou uma foto.

Se você faz muita questão de fotografar ou filmar um evento, algumas câmeras, como a GoPro, podem ser colocadas em lugares estratégicos, para que a captação das imagens não atrapalhe a sua experiência e nem te impeça de curtir o momento!

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