Não se iluda, não há objetivo no jogo

A felicidade é um dos principais temas que abordo nos textos que escrevo aqui no Horóscopo Virtual. Isso porque acredito que cada atitude e ação que tomamos nesse mundo são visando alcançar a felicidade, mesmo que a pessoa cometa atos que gerem danos para si mesmo ou para os outros, ela está buscando uma condição mais favorável e que forneça a felicidade. Ela pode estar enganada, mas isso não a proíbe de buscar a felicidade. 

Contraditoriamente, o que essa pessoa alcança é uma busca incessante por algo que acredita ser a felicidade. Funciona exatamente como um jogo. No jogo, acreditamos que a vitória nos fará felizes e que nos dará um grande prazer. Então, ficamos lutando e jogando para vencer o jogo e se não vencemos, sofremos inevitavelmente. Na busca por algo ficamos comprimidos e há um estreitamento de nossa visão, a felicidade então fica restrita nas condições específicas que, sem perceber, criamos para nós mesmos. 

Entretanto, se vencemos o jogo, o que conseguimos não é bem a felicidade, mas sim uma sensação de alívio. Pensamos: “consegui”. A pessoa se sente aliviada e com um novo espaço em sua mente. Porém, logo o estímulo deixa de trazer essa sensação e assim estreitamos novamente a nossa visão e corremos atrás de outro objetivo, sem perceber que a felicidade não reside nos objetos, ou nas situações, mas sim em nosso próprio interior.

A impermanência nos atinge

Mesmo se as condições forem favoráveis, elas tendem a mudar. As coisas não são permanentes e tudo tende a um fim. Seja qual for a situação, boa ou ruim, ela não irá durar para sempre. Por isso, sofremos com as situações, por acreditarmos que elas são permanentes. Não entendemos que toda a condição que criamos pode mudar rapidamente.

A impermanência não deve ser fonte de medo, tristeza ou desamparo. Devemos entender que ela existe e que a felicidade não se encontra nas experiências que vivenciamos, mas sim na energia que se encontra em nosso interior. Possuímos um estado natural de felicidade que reside em nossa mente, mas só podemos acessar isso quando silenciarmos todos os pensamentos que geram essa ânsia por atingir um determinado estado.

Paradoxalmente, quando soltamos a mente da fixação da busca pela felicidade, nós a alcançamos. A felicidade é simples, mas o nosso ego se liga e busca coisas complexas. Por essa razão fica tão difícil vê-la. Estamos ligados em coisas tão complexas que não conseguimos ver a simplicidade da felicidade. 

Contudo, podemos acessar essa felicidade se permanecermos serenos, se equilibrarmos a nossa energia e se aprendermos a gerar a felicidade independentemente das situações. Não é uma tarefa fácil, mas com certeza é recompensadora. Podemos utilizar a meditação, o silenciar externo e aprender a usar a nossa energia e não ser carregado pelas situações. O caminho meditativo não é a felicidade em si, mas sim a forma que podemos reconhecer algo que já está presente em nosso interior de maneira natural. 

Criamos as nossas próprias prisões ao perseguir um estado inalcançável de estabilidade ao não percebermos a impermanência das situações. Entretanto, da mesma maneira que criamos tais prisões, podemos gerar a liberdade através de uma visão clara de que a prisão é apenas a mente que fixamos e que ela é naturalmente livre. Para liberdade e felicidade, basta reconhecimento desse estado.  
 

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