O fundo do poço

Por Gustavo Toro

Muitas vezes chegamos ao fundo do poço, perdemos a fé em tudo e em nós mesmos. Contestamos no âmago de nosso coração, de nossas forças, crenças, verdades e emoção se estamos no caminho correto.
Como, mas como! Podemos viver e ter autoestima, afirmar nossas ideias e ter certeza se estamos sentindo o que sentimos, se estamos em dúvida. São momentos que a vida nos coloca em cheque.
Neste momento o coração está rachado. É o momento em que não somos mais nada, pois não temos condições de acreditar ou de sequer nos amar no sentido máximo ou mínimo necessário.
Porém, apesar de todo conflito interno, profundo incômodo, depressão, transtornos e o que quer que seja prosseguimos existindo. Neste momento a vida nos dá sua lição mais básica: Que apesar de tudo somos imortais, jamais morremos, mesmo que o coração esteja aparentemente morto.
O Tempo apresenta valia decisiva. Todo sofrimento da alma é um expurgo. E toda revolta tem uma causa e objetivo. No ápice do conflito de nossas emoções há uma hora que não admitimos mais sofrer. Que toda a realidade interior se mostra tão bruta que um flash dentro de nós impulsiona a procurar qualquer caminho, menos o do sofrimento, da dor espiritual.
A consciência do próprio espírito cativada pelos registros das experiências no tempo mostra e faz compreender invariavelmente que precisamos mudar para não sofrer. Reação que retoma a fé. Esse lapso de conexão é a própria essência da vida, impulsiona a procurar uma opção de futuro sem constrangimento interno.
A partir daí toda nossa mente e emoções passam a ser restituídos e reconstruídos num caminho que não machuque. Assim, no infinito das possibilidades passamos a tomar ações compatíveis com nosso próprio coração.
Todos em determinado momento da vida espiritual literalmente racham o ego; para depois reconstruir sua morada. A dor inicial na verdade se converte em renovação e felicidade, pois nesta nova casa temos condições de ser muito mais nós mesmos, de deixarmos para trás e limpar tudo aquilo que não era nosso mas que admitíamos em nós. Mudamos destituindo e dissociando temporariamente a personalidade, inteligência e certeza.
A fé anterior ao próprio amor é na verdade a sustentação de toda a vida. Fazemos parte de um universo integrado e se uma pessoa sequer deixasse de existir o próprio universo deixaria de existir. A fé é a energia que sustenta a alma e é intrínseca a vida. Ela é e não deixa de ser. Assim apesar de parecer que tudo acabou, na verdade estamos acordando para uma nova consciência do que Somos e de como Estamos.
Há muitas variações da palavra fé como: esperança, confiança, crença, virtude, magnetismo, certeza. Na verdade são vários teores de uma mesma energia primordial. Como dizem os católicos e os ocultistas, é o verbo. O verbo é o “ser” atribuído de ação, que se resume no fazer. Nossas ações sempre dão o norte de como estamos, no dia em que fizermos tudo quanto somos, teremos completado a evolução neste orbe.
A Fé não duvida e só cria o que está em nós. Pense bem, você conseguiria criar algo que não estivesse em você, na sua mente, no seu plano, na sua vontade, na sua alma? 
A criação que perdura na eternidade é o resultado da renovação de nosso coração e do reestabelecimento de nosso ego de forma sadia, decorre de termos fé naquilo que faz parte de nossa essência e nada o destruirá. 
Viver essa consciência nos da autoridade natural, pois tomamos consciência e manifestamos essa consciência criando, fazendo primeiro em si para poder compartilhar. Assim a turbulência é sofrida, mas no final lapida a pedra interior, nos torna cada vez mais eternos.
Quero muito dividir essas linhas com você caro leitor, pois em qualquer momento de sua vida quando suas verdades, seu mundo e suas certezas estiverem em cheque, saiba que a única coisa que permanece é o essencial, é aquilo que se você tiver a boa vontade e a paciência de ser você mesmo durante o tempo necessário fará sua vida voltar a frutificar em dobro!
A limpeza do jardim tirando as ervas daninhas faz parte do trabalho de um bom jardineiro. Todos nós em algum momento nos colocamos para fazer essas faxinas. Nesses momentos a sustentação da transparência (ser honesto consigo mesmo) é o que determinará se você poderá enxergar 100%, 90%, 80% ou 0% das ervas daninhas para poder tirá-las e para que seu jardim fique novamente no ápice de sua beleza.

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