É claro que vários produtos e serviços também nos ajudam no dia a dia, em nossos lares, nos ambientes profissionais, que já nem conseguimos nos imaginar, por exemplo, sem o computador, as diversas opções de comunicação de dados, voz e imagem que nos imputam valores e conceitos nem sempre digeríveis.
Essa dinâmica nos envolve de tal maneira que muitas vezes não percebemos que estamos constantemente sendo empurrados para as compras, para o consumo desenfreado, numa condição de nos inserirmos na turma, como se nossa relação com a família e grupos sociais se baseasse pelo que temos em nossas garagens, em nossos guarda-roupas e uma infinidade de outras coisas.
Por isso não é raro nos depararmos com pessoas que possuem coisas que nem usam, que deixam de lado, ou então se apegam demais com as mesmas, chegando mesmo a se relacionar com elas como uma muleta, um apoio que lhes dê a falsa sensação do poder de se sentir maiores e satisfeitos, e assim imaginar compensar as angústias, as perdas emocionais, as frustrações e as decepções nem sempre bem trabalhadas e resolvidas.
Constatamos então que num grau maior ou menor de consciência corremos o sério risco de nos tornarmos pessoas coisificadas, que se apresentam e se mostram pelo que possuem externamente e de maneira cada vez mais expositiva, não percebendo (ou querendo não perceber) que a felicidade não está nas coisas, mas sim na forma como as vivenciamos, no modo como estabelecemos as nossas relações de (in) dependência com as mesmas.
E vale lembrar como disse bem o Frejat na música Amor pra Recomeçar:
... diga a ele pelo menos uma vez, quem é mesmo o dono de quem.
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