O processo de individuação é o tema central da Psicologia Analítica de Carl Jung.
Para Jung, a individuação é um processo de diferenciação que tem por meta o desenvolvimento da personalidade individual. Assim como o individuo não é um ser isolado, mas supõe uma relação coletiva com sua existência, do mesmo modo, o processo de individuação não leva ao isolamento, mas a um relacionamento coletivo mais intenso no geral.
Portanto, não se trata de individualismo.
Esse processo geralmente começa com um choque de realidade para o ego, que começa a perceber que não é o “dono de sua própria casa”. Existem outras forças que até então permaneciam ocultas no inconsciente e que são mais fortes que os chamados complexos. É nesse momento, no confronto com essas forças, que a máscara da ilusão cai. O ego precisa aceitar sua parte sombria e aceitar que não é o centro da psique.
Nesse instante começa um relacionamento entre o inconsciente e consciente, que se concretiza por meio de um símbolo que os une.
Mas esse não é apenas um processo de aceitação de si mesmo. O individuo, além de se conhecer, deve se colocar no mundo. Ele deve buscar o equilíbrio entre as demandas dos mundos interno e externo. Sua individualidade deve estar a serviço de um bem maior.
Se tornar si mesmo não significa tornar-se perfeito, mas pleno, completo, com as dores e delícias de ser quem se é. Aceitando-se e se corrigindo.
Primeiro há o encontro com nossa sombra – aquilo que queremos esconder do mundo e de nós mesmos; depois o encontro com o outro diferente de nós (anima e animus) e também com a força que nos sustenta e que é maior que nós; a força que impulsiona ou trava o nosso caminho, mas que insiste em nos levar ao nosso destino, o Self. Depois disso, temos que nos relacionar com o coletivo e saber incorporar em nossas vidas todo o aprendizado que tivemos com esses aspectos interiores.
A humildade é primordial nesse processo. Ela nos faz lembrar que o importante não é não errar, mas procurar não cometer o mesmo erro. É sempre buscar erros novos para uma ampliação de consciência. Não esquecendo que a mudança é sempre provisória.
O processo de individuação é constante, não tem fim e seu objetivo máximo é nos tornar mais humanos.
A individuação é inevitável e seu resultado é incerto. É mais fácil idealizá-la que realizá-la. Porém, mesmo sentindo-se pequeno para empreender essa árdua tarefa, lembre-se que cada indivíduo tem recursos suficientes para tanto e que seu esforço gerará frutos para uma transformação tanto pessoal quanto coletiva.
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